O consumo de medicamentos genéricos em Belo Horizonte é quase dobro da média nacional. Do total de remédios vendidos nas farmácias da capital, 24,82% são genéricos, segundo levantamento do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais (Sinfarmig), enquanto a proporção nacional é de 14%, em média. O levantamento mostrou ainda que o consumidor deve pesquisar antes de comprar remédios genéricos, já que a variação de preços supera 100%, dependendo do laboratório.
O Sinfarmig afirma que o lobby de alguns fabricantes pode estar prejudicando o consumidor. Do total de 125 farmácias e drogarias pesquisadas, 25% afirmaram que recebem bonificação (prêmios) pela venda de determinados genéricos. "O consumidor pode estar sendo induzido a comprar o medicamento mais caro. Cabe a ele pedir uma lista nas farmácias para ver as opções. Em tese, essa bonificação não deveria existir, pois os laboratórios de genéricos não têm algumas despesas, como com propagandas", diz Rilke Novato, diretor da Sinfarmig. Novato acredita que quase a totalidade dos estabelecimentos deve receber a bonificação, mas podem ter omitido a informação na pesquisa. "Se o laboratório dá o prêmio para uma farmácia, faz a mesma coisa com outra", diz.
A pesquisa foi feita entre os dias 1º e 7 deste mês. Os genéricos mais vendidos são os analgésicos, antitérmicos, antiinflamatórios, cardiovasculares e antibióticos. O antibiótico Captopril (genérico do Capoten), por exemplo, custa R$ 9,66 no laboratório Europharma e R$ 20,71 no Biosintética, segundo a pesquisa. O mesmo medicamento de marca já tem preço bem mais amargo: R$ 36,58.O aintiinflamatório diclofenaco de sódio (genérico do Voltaren) custa R$ 12,05 pela Novartis e R$ 8,58 pelo Sandoz. O preço desse remédio de referência é de R$ 18,74.
Março é a data-base para o reajuste anual dos preços dos medicamentos no país. O reajuste é dividido em três categorias, que variam de acordo com a participação dos genéricos. No ano passado a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aumentou os preços entre 3,64% e 5,51%. "Os reajustes nem deveriam ocorrer este ano. Quando o dólar estava alto, a indústria era a primeira a cobrar aumento de preço, pois usa muita matéria-prima importada. O inverso também deveria valer", observa Novato


Fonte: Estado de Minas (MG)
09/02/2007 - Economia