RIO - A meta de reduzir o número de novos casos de câncer no País, que estão próximos dos 500 mil por ano, segundo estimativas oficiais, uniu duas instituições em um convênio orçado em R$ 4,7 milhões. Os recursos, financiados pelo Ministério da Saúde, vão ser aplicados pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 24 projetos, que englobam desde a investigação básica até a avaliação dos serviços de saúde e a melhoria da capacidade de diagnóstico. Está prevista ainda a compra de dois equipamentos, um deles inédito no Rio, capazes de aprimorar os estudos feitos na área.

"Já são cerca de 472 mil casos por ano. Para efeito de comparação, basta lembrarmos que o número de notificações de aids no País, nos últimos 24 anos, é menor do que o número de casos de câncer registrados em um único ano. Estamos, portanto, diante de um problema de saúde pública, pois ações nessa área, como exames de mama e de colo de útero, podem, sim, reduzir a incidência e a mortalidade", observou o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini, ao formalizar o acordo.

Presidente da Fiocruz, Paulo Buss completou: "A taxa de mortalidade por câncer permanece alta. Não é mais uma questão de esforço individual. Precisamos de parcerias".

Coordenadora de pesquisa do Inca, Marisa Dreyer Breitenbach, explicou nesta segunda-feira que um dos projetos deve permitir a ampliação do aconselhamento genético, pelo qual um paciente com histórico de câncer na família pode descobrir a predisposição que ele tem para desenvolver a neoplasia.

Segundo a pesquisadora, hoje o serviço está disponível para câncer de mama, colo-retal e retinoblastoma, que afeta os olhos e é mais freqüente em crianças. Estão previstas ainda outras ações relacionadas a tumores de pulmão, colo de útero, próstata, bexiga, pênis, leucemias, linfomas e infecções, além da análise de serviços.

"Vamos fazer uma pesquisa qualitativa para avaliarmos os centros de alta complexidade oncológica (Cacons) em funcionamento no País. Queremos saber como eles estão funcionando, quais os benefícios", adiantou Marisa, acrescentando que as melhorias no parque tecnológico do Inca e da Fiocruz estão concentradas na aquisição de equipamentos de pequeno porte, além de um microscópio confocal, capaz de detectar a capacidade de uma célula cancerosa fazer metástase, e um eletrospray, aparelho que identifica a presença de proteínas específicas de um câncer.

Com isso, é possível melhorar o diagnóstico e até reduzir as taxas de mortalidade, já que os dois equipamentos permitem descobrir o tumor antes dele se tornar um problema incontornável.

Por Karine Rodrigues

Fonte: O Estadão 24/04/2006
http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/abr/24/270.htm