Para tentar evitar mais essa seqüela, que pode prejudicar até a movimentação dos braços, algumas técnicas foram desenvolvidas nos últimos dez anos para que o médico, no momento da operação, consiga saber exatamente se os linfonodos da paciente estão ou não comprometidos. Caso o teste dê negativo, a remoção de parte do tecido das axilas é evitada.
Detector mais barato
O problema, pelo menos para a maioria da população, é que as sondas para análise dos linfonodos são importadas dos Estados Unidos e custam entre US$ 15 mil e US$ 17 mil. Como esse equipamento não é coberto pelos planos de saúde, poucos médicos e pacientes decidem pelo procedimento.
Em busca de uma solução nacional que possa oferecer a mesma segurança que o equipamento norte-americano, o engenheiro Iran José Oliveira da Silva, do grupo de dosimetria e instrumentação nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), resolveu estudar o problema no doutorado que acaba de concluir. O resultado é uma sonda que custa, em média, um terço da importada.
“Usamos um detector cintilador do tipo plástico, jamais utilizado para esse fim”, explica o cientista. Na sonda tradicional, o cintilador é do tipo sólido. “Conseguimos fazer essa utilização por causa de um tratamento especial que foi dado sobre a superfície do equipamento. A resposta de sinal que obtivemos é inédita, em comparação com a da literatura estudada”, conta.
Em linhas gerais, a sonda, por meio do cintilador, detecta a substância radioativa injetada no paciente. No caso do câncer de mama, é utilizado um composto à base de tecnécio. “Conseguimos dominar bem tanto a tecnologia de acoplamento entre o cintilador plástico, o guia de luz e o fotosensor quanto a técnica de localização do linfonodo”, explica o engenheiro.
Como o tecnécio se espalha por todo o corpo, mas se concentra no tumor primário e no caminho que as células tumorais fazem em direção ao linfonodo sentinela, os raios gama emitidos pelo elemento químico é que são decisivos para a decisão médica. A ausência de radiação indica que o tecido está saudável.
Produção nacional
“A grande vantagem do cintilador plástico é o baixo custo associado ao domínio da tecnologia de fabricação. No Brasil, por exemplo, ele já é feito”, afirma Silva. Segundo o pesquisador, os testes feitos em laboratório, durante o projeto de doutorado, mostraram que o desempenho das duas sondas é praticamente igual.
“Vamos agora partir para a identificação de linfonodos sentinelas em pacientes durante o procedimento cirúrgico”, conta. Concluída essa segunda etapa, será estudada a viabilização da fabricação em larga escala da sonda com cintilador plástico.
Agência Fapesp
Fonte: O Estadão 10/04/2006
http://www.estadao.com.br/saude/noticias/materias/2006/abr/10/85.htm
