Na América Latina, a obesidade tem uma influência maior sobre o risco de ataque cardíaco do que em outras regiões do mundo. Uma pesquisa realizada em Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Guatemala e México revelou que a obesidade - mais especificamente, a gordura em torno do abdômen - e o estresse são os dois principais fatores de risco na região, com importância maior, por exemplo, do que o fumo, o sedentarismo e a história familiar.
A pesquisa foi publicada esta semana na "Circulation", uma das revistas de cardiologia mais importantes do mundo.
Para os autores do estudo, a obesidade reflete o consumo exagerado de alimentos de má qualidade, repletos de gordura e de açúcar, associados à obstrução dos vasos sangüíneos .
Programas que encorajem mudanças de estilo de vida e de alimentação terão um grande impacto na redução do número de ataques cardíacos na América Latina - disse o principal autor do estudo, Fernando Lanas, professor de medicina da Universidade de la Frontera, em Temuco, no Chile.
Ele salientou que sua equipe ficou surpresa com o nível de risco associado à obesidade abdominal encontrado na América Latina.
O risco é muito mais significativo.
O estresse também é um fator importante - destacou Lanas.
A pesquisa faz parte de um projeto global de análise de risco de doenças cardíacas chamado Interheart. Na América Latina foram analisados dados de 1.237 pacientes dos seis países citados acima. Todos os pacientes haviam tido ataques cardíacos. Foram considerados fatores como idade, sexo e histórico de saúde. Também se investigou se fumavam, eram sedentários, tinham pressão alta e se havia registro de problemas psicológicos.
- A junk food está invadindo a América Latina como uma praga e os efeitos são dramáticos - disse Sidney C.
Smith Jr., da Universidade da Carolina do Norte (EUA), que fez a revisão do estudo.


Fonte: O Globo
07/03/2007 - Ciência