A cidade do Rio de Janeiro passa a sediar, no segundo semestre deste ano, o Instituto Sul-Americano? de Governo em Saúde (ISAGS), iniciativa que visa a especialização de profissionais e gestores de saúde pública e a cooperação regional em ensino e pesquisa. A proposta de Estatuto da unidade foi aprovada nesta quinta-feira (14) pelos ministros da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, e do Uruguai, Daniel Olesker, e por representantes de outros oito países na reunião da União de Nações Sul-Americanas? (Unasul), em Montevidéu.

O Brasil assumirá a direção-executiva do Instituto por três anos. “O Instituto é o primeiro passo importante para a consolidação da Unasul Saúde. Além de formar gestores em saúde e desenvolver estudos para a América do Sul, vai reforçar nossa identidade comum”, ressaltou o ministro Alexandre Padilha. O Ministério da Saúde investiu, até agora, R$ 10 milhões para a instalação da unidade. As obras de readequação física e tecnológica da área de 1,2 mil m² no centro do Rio de Janeiro deverão ser concluídas no fim de maio deste ano.

O governo brasileiro é que propôs a instalação do Instituto na capital do Rio de Janeiro, aproveitando a experiência de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Com este projeto, o Brasil passa a transferir sua expertise, obtida com iniciativas como a Escola de Governo em Saúde, que funciona em Brasília.

O Instituto será uma instituição da UNASUL, de caráter público. Participam de sua direção todos os 12 países-membros, em bases igualitárias. Seu trabalho será articulado com instituições nacionais e com centros multilaterais de formação e pesquisa. Isso ocorrerá por meio da integração em redes das chamadas “instituições estruturantes dos sistemas de saúde”. Exemplos dessas instituições são os institutos nacionais de saúde, as graduações em Medicina, Enfermagem e Odontologia, as escolas de saúde pública e as escolas para a formação de técnicos em saúde.

Algumas das atuações primordiais do Instituto serão o fortalecimento das capacidades nacionais e regionais dos sistemas de saúde pública, o desenvolvimento de recursos humanos adequados às realidades locais, a gestão do conhecimento já existente e a produção do conhecimento que ainda se faz necessário, privilegiando as iniciativas conjuntas. Mesmo com sede no Brasil, o Instituto deverá ser criado como órgão dependente jurídica e financeiramente da União de Nações Sul-Americanas? – seu orçamento deve ficar vinculado ao orçamento anual de funcionamento da Unasul.

DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS – A reunião de Ministros da Saúde da Unasul reforçou também o compromisso dos países-membros com ações de redução das doenças crônicas não-transmissíveis e de cooperação nesse assunto. A prevenção a doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas foi um dos focos do encontro, cujos debates entre técnicos dos ministérios tiveram início ainda na terça-feira (12).

Ocorrem 35 milhões de mortes/ano por essas doenças no mundo, das quais 80% em países pobres ou em desenvolvimento. As doenças crônicas não transmissíveis causam cerca de 60% das enfermidades e 44% das mortes prematuras no mundo. São consideradas, ainda, responsáveis pelo acirramento de iniquidades, já que atingem especialmente as pessoas mais pobres, de mais baixa escolaridade, integrantes de alguns grupos étnicos e mulheres.

“Propusemos que os países da América do Sul tenham uma agenda estratégica comum para o enfrentamento dessas doenças. Reunir esforços é importante porque vamos tratar da indústria alimentícia, da promoção de atividade física, que ultrapassam fronteiras”, acrescentou o ministro Padilha. “É importante chegarmos na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (em maio) com uma estratégia comum que produza a redução das doenças crônicas não transmissíveis. Queremos também que a Cúpula de Nova York de setembro, que será dedicada exclusivamente à questão dessas doenças, sirva para mobilizar definitivamente os nossos dirigentes para a urgência daquele desafio para a saúde pública”.

Fonte: http://portal.saude.gov.br